sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

SEGUNDO GUARDA ENVOLVIDO EM MORTE EX-DANÇARINO É PROCURADO PELA POLÍCIA

Ricardo Luiz Silva da Fonseca, 36 anos, é considerado foragido.
Crime aconteceu durante show da banda A Vingadora, em Salvado.

Equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, procuram pelo guarda municipal Ricardo Luiz Silva da Fonseca, 36 anos. Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP), ele é suspeito de atirar no ex-dançarino Marcelo Tosta Santos, 36 anos, morto no dia 3 de novembro durante uma festa na casa de shows Coliseu, na orla de Salvador. As informações foram divulgadas pelo órgão na tarde desta sexta-feira (9).
Policiais do DHPP chegaram a ir até a casa do servidor municipal, no bairro de Pernambués, na capital, na manhã desta sexta, mas ele não foi encontrado. Ainda de acordo com a SSP, Ricardo é considerado foragido, já que há um mandado de prisão em aberto contra ele.
O outro guarda municipal envolvido na confusão que acabou na morte de Marcelo Tosta, Naílton Adorno do Espírito Santo, foi baleado na perna no momento do ocorrido e permanece custodiado no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele teve a prisão temporária convertida em preventiva na terça-feira (6). Conforme a SSP, Naíton se negou a revelar a identidade do colega. A Secretaria informou que a polícia chegou até Ricardo por meio de depoimentos de testemunhas do crime e outras investigações.Segundo a SSP, o irmão do guarda municipal que está foragido foi ouvido pela polícia e disse que Ricardo tem uma pistola Glock 380 e um carro do modelo Veloster, da Hyunday. Testemuhas ouvidos por investigadores disseram que a arma usada no crime tem as mesmas características da pistola e um dos autores do crime fugiu em um carro igual ao de Ricardo. A secretaria da Segurança Pública acrescentou ainda que algumas testemunhas reconheceram, em foto, o guarda municipal foragido.
Corporação aguarda inquérito
A Guarda Civil Municipal de Salvador aguarda conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre a morte do ex-dançarino Marcelo Tosta Santos, de 36 anos, que teve envolvimento de dois agentes da corporação para abrir processoa dministrativo que pode decidir sobre o afastamento dos servidores. O crime ocorreu na madrugada do sábado (3), durante uma apresentação da banda A Vingadora, no Coliseu do Forró, no bairro de Patamares.
Um vídeo postado por um internauta mostra o momento da confusão na casa de shows após os disparos que mataram o ex-dançarino. [Assista o vídeo ao lado]
Nas imagens publicadas no You Tube, é possível ver o momento em que a cantora Tays Reis, da banda A Vingadora, que se apresentava no local, é retirada do palco segundo antes dos tiros. No vídeo, é possível ouvir, ao menos, cinco disparos.Ainda de acordo com a polícia, os guardas municipais não estavam em serviço no momento do crime. Naílton não tem porte de arma pela corporação. Uma pistola encontrada com ele, devidamente registrada, foi apreendida e encaminhada para a perícia. Ainda não detalhes desse registro em relação a Ricardo.
Outros casos
A corregedoria da Guarda Municipal de Salvador, criada há três meses para punir abusos cometidos por servidores da instituição, investiga quatro casos envolvendo a atuação de agentes da corporação ocorridos em 2016. Guardas municipais de Salvador passaram a atuar com armas de fogo em 2014.

Entre as ocorrências em apuração constam uma morte e atuações consideradas "excedentes" cometidas por guardas no exercídio da profissão. Caso fique comprovado a participação dos agentes no homicídio, eles poderão ser expulsos da corporação.
O último caso que resultou em abertura de processo na Corregedoria foi uma agressão cometida por guardas municipais a uma mulher durante uma abordagem no centro da cidade, no mês passado. A ação foi registrada em um vídeo gravado por um morador da região. Os guardas envolvidos no caso foram afastados das atividades nas ruas e atualmente cumprem atividades administrativas enquanto aguardam apuração do caso.
Em setembro, um administrador denunciou ter levado socos e ser ameaçado com armas por um guarda municipal de Salvador após uma batida de trânsito envolvendo o carro dele e uma viatura da corporação, na região da Avenida ACM, no bairro da Pituba. Um vídeo gravado por testemunhas, que mostra a agressão, foi divulgado pela vítima na rede social. O guarda negou a acusação, mas também acabou sendo afastado e viu o caso parar na Corregedoria.
Quatro meses antes, um gari de 25 anos foi baleado por um guarda municipal durante uma blitz na Avenida Vasco da Gama, nas proximidades do Dique do Tororó. Segundo a polícia, a vítima estava a bordo de uma motocicleta e foi atingida depois de furar o bloqueio da blitz. O motociclista foi ferido no braço. O irmão do gari contou, após o ocorrido, diz que a vítima não parou porque tinha 'documento atrasado'. O guarda envolvido também é alvo de investigação.
O caso mais antigo registrado em 2016 ocorreu em em abril, quando um homem morreu após ser baleado por um guarda municipal no bairro do Comércio, em Salvador. O caso ocorreu na região da Praça Cayru, perto do Elevador Lacerda e do Mercado Modelo, pontos turísticos da capital baiana. A Superintendência de Segurança Urbana e Prevenção à Violência (Susprev), órgão que gerencia a Guarda Municipal, informou, à época, que o homem era traficante, estava sendo perseguido por policiais civis, entrou em luta corporal com os agentes e tentou agredir um dos agentes.
Sobre os casos registrados em 2016, a Guarda Civil Municipal informou que todos os agentes envolvidos desenvolvem atualmente atividades administrativas enquanto aguardam desfecho para os casos.